Relacionamento é sobre progresso?
Na monogamia é sim. O roteiro de flerte depois ficante sério e aí namoro e depois casamento para constituir família com filhos, cachorro caramelo, e tudo mais que se queira adicionar no pacote é bem conhecido por nós.
Nessa lógica, cada passo é a subida de uma escada, uma subida sem retorno. Ou vocês conhecem muitas pessoas que depois de casadas decidem voltar a namorar? Na maioria dos casos não existe retorno. Qualquer mudança é o fim da relação. O caminho é reto e cada passo desmorona os degraus anteriores.
Porque a ideia de progresso?
Porque espera-se que a cada mudança haja mais segurança, amor, compromisso e centralidade. A cada rótulo que se dá uma nova camada se espera, tanto do casal quanto pela sociedade. Dizer “fulane namora comigo” implica inúmeras ideias na cabeça de quem diz e de quem ouve.
Outra razão é que há uma cobrança para que se avance esses degraus mudando de rótulo sem muita pressa e sem muita demora. Não cumprir esse certo tempo faz pulularem perguntas: “será que me ama?” “será que te leva a sério, migue?”. A monogamia tem um tempo próprio de cobrar esse progresso. Percebem que não é nada natural?
Essa noção de relação como progresso não deixa que as relações se moldem e remoldem de acordo com a vida que é fluida e descontínua.
Quantas relações você conhece que depois de todos esses quesitos cumpridos não tem amor? Que tipo de segurança se espera? O que o tempo e os rótulos garantem?
De quais outros amores se abre mão em nome do progresso da relação? Família? Amigos? Profissão? Lazeres? Educação?
E se os relacionamentos não tivessem uma rota pronta? E se houver espaço para uma boa rede de afetos e apoio na vida?
_
O artigo da Laura Pires é a inspiração desse post.