Relacionamento é sobre progresso?

Dandara Abreu
2 min readJun 10, 2022

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Photo by Christian Costa on Unsplash

Na monogamia é sim. O roteiro de flerte depois ficante sério e aí namoro e depois casamento para constituir família com filhos, cachorro caramelo, e tudo mais que se queira adicionar no pacote é bem conhecido por nós.

Nessa lógica, cada passo é a subida de uma escada, uma subida sem retorno. Ou vocês conhecem muitas pessoas que depois de casadas decidem voltar a namorar? Na maioria dos casos não existe retorno. Qualquer mudança é o fim da relação. O caminho é reto e cada passo desmorona os degraus anteriores.

Porque a ideia de progresso?

Porque espera-se que a cada mudança haja mais segurança, amor, compromisso e centralidade. A cada rótulo que se dá uma nova camada se espera, tanto do casal quanto pela sociedade. Dizer “fulane namora comigo” implica inúmeras ideias na cabeça de quem diz e de quem ouve.

Outra razão é que há uma cobrança para que se avance esses degraus mudando de rótulo sem muita pressa e sem muita demora. Não cumprir esse certo tempo faz pulularem perguntas: “será que me ama?” “será que te leva a sério, migue?”. A monogamia tem um tempo próprio de cobrar esse progresso. Percebem que não é nada natural?

Essa noção de relação como progresso não deixa que as relações se moldem e remoldem de acordo com a vida que é fluida e descontínua.

Quantas relações você conhece que depois de todos esses quesitos cumpridos não tem amor? Que tipo de segurança se espera? O que o tempo e os rótulos garantem?

De quais outros amores se abre mão em nome do progresso da relação? Família? Amigos? Profissão? Lazeres? Educação?

E se os relacionamentos não tivessem uma rota pronta? E se houver espaço para uma boa rede de afetos e apoio na vida?

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O artigo da Laura Pires é a inspiração desse post.

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Dandara Abreu

📒 Estudante de Psicologia na UERJ. 🧠 Não-monogamia Política. 📚 Psicanálise. 🌈Pronomes: ela/ella/dela. 🔎Instagram: @psi.dandaraabreu