Monogamia e Amor Romântico
Com a emergência do capitalismo, a nova classe dominante estabelece uma nova moral sexual. As transformações pautavam uma nova organização de classes e a mobilidade social como uma possibilidade. Os sentimentos de afeto mútuo passam a ser importantes no casamento. Assim como, controle da prole, proteção da propriedade privada e contínua acumulação de capital. Essa é a moral burguesa.
Os recursos da família passam a ser gastos com severa economia e racionalidade. A mulher se torna primordial na economia doméstica. A colaboração mútua nessa família é facilitada pelos vínculos afetivos. O amor serve ao capital. A mulher burguesa é cristã e continua submissa ao esposo, sustenta os valores castos do feminino cristão e constitui a fidelidade afetivo-sexual como valor no casamento.
A monogamia não diz apenas sobre a relação romântico-sexual de dois adultos. Ela produz efeitos em todas as áreas da vida. O relacionamento amoroso monogâmico tem como um de seus fundamentos a hierarquização de relações, sendo ele próprio a relação mais importante na vida de mulheres cis e demais corpos dissidentes.
Relacionamentos amorosos na vida de pessoas negras e LGBTQIAP+ servem à afirmação de que tais sujeitos ocupam o status de desejados e amados sob a falsa ideia de segurança afetiva. Esses sujeitos, em sua maioria com inúmeras experiências de preterimento, estão dispostos a (quase) tudo “em nome do amor” (que pouco ou nunca tiveram).
Como consequência, seu investimento de tempo, afeto e dinheiro são prioritariamente direcionados à conjugalidade e à parentalidade. Há uma tendência ao afastamento, ainda que parcial, das amizades e da família estendida, já que precisa que a maior parte de sua disposição seja dedicada ao cônjuge, aos filhos e às demandas domésticas.
Quanto sobra de amor para você mesmo?
O amor romântico realmente te preenche ou te esvazia com o medo da solidão e da escassez afetiva?