Monogamia e Amor Cortês

Dandara Abreu
2 min readJun 10, 2022

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Photo by Timothy Dykes on Unsplash

No contexto, judaico-cristão-ocidental, o poder da religião pautava a moral e definia os modos de viver, o modelo de família e o papel social de mulheres e homens. O estereótipo de feminino era o da mulher casta, submissa ao marido e cuidadora do lar. A monogamia naquele momento se consolidou como a norma social de sustentação da família cristã.

As relações matrimoniais eram baseadas na manutenção da estrutura rígida de classes e privilégios sociais e patrimoniais.

Durante muitos séculos sentimentos e emoções eram absolutamente irrelevantes na decisão sobre o casamento; o mais importante era a manutenção da estrutura social. Nesse contexto, surge o amor cortês que se pautava pela idealização de uma mulher inalcançável a ser conquistada. Essas mulheres deveriam ser a versão mais pura/casta/virgem do feminino.

Acreditam que isso serviu aos interesses bélicos da época? Era uma espécie de incentivo aos feitos (muito supostamente) heróicos de homens em guerras constantes. A idealização de uma mulher (aos moldes da Maria virginal) serviria de estímulo e recompensa pela performance daqueles que arriscavam a vida em nome de certos ideais.

Nesse momento a noção de posse sobre o corpo da esposa se limitava ao físico e permitia, por exemplo, que ela fosse objeto de admiração e adoração platônica de jovens homens em batalha.

As relações sexuais eram consideradas apenas atos fisiológicos, sejam de descargas eróticas, sejam de deveres reprodutivos. Houveram momentos em que a prostituição era recriminada moralmente contra a mulher que se prostituía e nada recriminada contra o homem que usufruía do serviço. Pouca proibição concreta, apesar do contexto altamente cristão.

Ideias como amor e paixão eram deixadas a esse amor cortês de alta idealização acerca de mulheres inacessíveis, fossem elas casadas com filhos simbolizando a mãe de Cristo ou fossem elas ainda solteiras e símbolo da pureza virginal.

Quantos casamentos sem amor você conhece?

Qual o peso das conveniências sociais?

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Dandara Abreu

📒 Estudante de Psicologia na UERJ. 🧠 Não-monogamia Política. 📚 Psicanálise. 🌈Pronomes: ela/ella/dela. 🔎Instagram: @psi.dandaraabreu